Desejo que vocĂȘ descubra,
Com o mĂĄximo de urgĂȘncia,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que vocĂȘ afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfamente seu canto matinal
Porque, assim, vocĂȘ se sentirĂĄ bem por nada.
Desejo tambĂ©m que vocĂȘ plante uma semente,
Por mais minĂșscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que vocĂȘ saiba de quantas
Muitas vidas Ă© feita uma ĂĄrvore.
Desejo, outrossim, que vocĂȘ tenha dinheiro,
Porque Ă© preciso ser prĂĄtico.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso Ă© meu",
SĂł para que fique bem claro quem Ă© o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por vocĂȘ,
Mas que se morrer, vocĂȘ possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que vocĂȘ sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhĂŁ e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
NĂŁo tenho mais nada a te desejar.
Autor da mensagem: Victor Hugo
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